domingo, 26 de fevereiro de 2012

6- Capítulo Seis

2011
“Me perdoa...” Disse escondendo sua boca com uma mão e com a outra se apoiava num dos meus braços. Seus olhos transbordavam lágrimas. Pensei em quando a tinha visto chorar antes, mas acho que lembraria se já tivesse visto.
“Como que se diz algo assim?” Ela falou baixinho olhando para o chão.
“O que está tentando me dizer?”
“Ok.” Respirou fundo, tomou ar sério e me encarou novamente. “Cometi um erro muito grande quando jovem e cometi outros tentando encobrir esse primeiro, mas foi tudo em vão...”
Eu não estava nada à vontade com aquela conversa. Ela não tinha que se abrir comigo. Já estava acostumado com a nossa forma de se relacionar. Estava tudo bem como sempre foi.

Broken (Lifehouse)
The broken clock is a comfort, it helps me sleep tonight
Maybe it can stop tomorrow from stealing all my time
And I am here still waiting though I still have my doubts
I am damaged at best, like you've already figured out
O relógio quebrado é um conforto, me ajuda a dormir esta noite
Talvez isso pare amanhã de roubar todo meu tempo
E eu estou aqui, ainda esperando, embora ainda tenha minhas dúvidas
Eu sou estragado na melhor das hipóteses, como você já percebeu

Olhei ao nosso redor procurando um lugar para sentarmos. “Quer se sentar?”
Minha mãe assentiu e me acompanhou até a bancada. Peguei um copo d’água e lhe ofereci. Ela me olhou um pouco surpresa. Tomou um gole. “Você é tão gentil... Obrigada.”
Eu não era gentil, só queria que ela parasse.
“É sobre o seu pai.”
Sentei-me.

I'm hangin' on another day
Just to see what you will throw my way
Estou aguentando outro dia
Só para ver o que você jogará no meu caminho

“Muito antes de você nascer, eu conheci esse cara...” Um sorriso minúsculo, quase imperceptível apareceu em seu rosto. “Éramos tão jovens e cheios de vida. Eu queria conhecer o mundo, todos os lugares mais exóticos, fazer do mundo a minha casa. É claro que todos riam quando eu lhes dizia sobre o meu sonho. Não me levavam a sério. E você já deve saber como são as coisas, principalmente, por quem é criado em Primavera. Meus pais queriam que eu encontrasse um homem ainda mais afortunado que a nossa família e que tivesse uma boa mão para seguir com os nossos negócios.”
Já era surpreendente o suficiente que a minha mãe estivesse me direcionando tantas palavras, mas a maneira como ela falava que estava mesmo me impressionando.
“Me apaixonei por um rapaz que lhe brilhavam os olhos toda vez que eu falava sobre os lugares que eu queria conhecer. Ele era incrível. Me contava sobre os lugares de onde tinha vindo e para onde estava indo. Ele tinha o estilo de vida que eu almejava. Mas tinha saído de casa contra a vontade de seus pais... vivia de trabalhos sem carteira assinada que conseguia durante suas viagens. Só tinha o essencial para viver. Negócios? Ele não queria nada com isso.” Respirou fundo e deu mais uma golada no copo d’água.
“Quando meus pais descobriram com quem eu saía, trataram logo de me arrumarem um encontro com um homem mais velho que era exatamente o tipo de homem que queriam para genro. Não era uma escolha ter compromisso com ele ou não. Já estava tudo acertado. Não demoraria e já estaria indo provar o vestido de noiva.” Suas expressões durante a narração me fazia ver o quão viva era aquela história para ela.
“Continuei a encontrar o meu viajante às escondidas. Ele fazia toda aquela história parecer até empolgante.” Riu. “Porque eu não estaria mais lá para ter que me preocupar com casamento arranjado. Planejávamos o começo de nossa viagem. Eu iria com ele para onde ele apontasse, só com a roupa do corpo, ele só precisava dizer quando.” Suspirou.
“Não precisou ser assim tão de qualquer jeito. Eu pude fazer uma mala e estava no local combinado antes mesmo do horário marcado. Mas ele nunca apareceu. Nem naquele dia nem no seguinte... Já tinha se passado um mês e mesmo ali no altar diante daquele homem que eu mal sabia o nome completo, ainda esperava que o meu viajante surgisse pela porta da igreja e me arrastasse com ele pra longe dali. Casei. Eu podia ser jovem e tola, mas não tinha o que se argumentar diante da contagem de tempo em que estava grávida. O pai não era o meu marido.” Ela pegou na minha mão sobre a bancada.
“Estava grávida de você e o homem com quem estava casada se gabava em todos os cantos contente por acreditar que seria pai. Ele viajava à negócios que duravam meses, me chamou algumas vezes para acompanha-lo, mas conhecer o mundo não parecia mais empolgante. Recusei todas as vezes. Numa dessas vezes ele foi e não voltou...”
Puxei minha mão. Minha mãe levou a dela à boca, sem jeito.
“Eu não tinha mais meus pais para voltar. Nunca soube cuidar de nada. Tinha um filho e estava sozinha com ele. Entrei em desespero. Foi quando conheci o William.” Pai do Scott. “Ele foi tão bom comigo...”
“Meu pai...”
“Vou chegar nessa parte. Eu podia ter jurado que nunca mais o veria. Seu pai tinha me deixado pra trás. Mas então... Em nossas reuniões acreditei ter conhecido toda a família de William, mas tinha alguém que nunca era citado e que nunca esteve presente, como eu poderia imaginar? Foi num natal... você não deve se lembrar. Diogo apareceu pela porta da minha casa, com uma mulher de um lado e uma criança do outro.”
“O tio Diogo?”
Ela confirmou com a cabeça. “Pensei... Não, eu não pensei em nada naquele momento em que nossos olhos se encontraram. Um dos parentes me cochichou ser o irmão rebelde de William. Não trocamos uma palavra sequer. Mas a forma como ele te olhava fixo...”
Lamentei por anos pela morte de um homem que nunca foi meu pai.

So I'm holdin' on, I'm still holdin', I'm holdin' on I'm still holdin',I'm holdin' onI'm still holdin'
Então eu estou aguentando, estou aguentando, estou aguentando

6 comentários:

  1. Segredos e mentiras... Aparências... Mas da Ly nada! Era só uma borboleta mesmo! me-humf

    bjosmil! *.*

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    1. A mãe do Jack não quis mais parar de falar, Mita ><
      Tive que deixar Sally pro próximo capítulo... Amanhã \õ/

      6love

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  2. Primeiro de tudo, muito eficiente dona Suellen! Pedi atuh e cinco minutos depois saiu. :P

    Mas nem sei bem o que comentar, acho que tô meio em choque como o Jack.
    Há pouco tava lendo justamente sobre casamentos arranjados... Que dó da mãe do Jack. E até entendo agora um pouco todo o distanciamento dela. Certamente que toda vez que olhava para ele toda aquela história vinha à cabeça...
    Mas o tal Diogo me pareceu ter percebido desde que o viu pela primeira vez. Será que agora está querendo se aproximar dele?

    Finalmente algumas respostas, mas que só fizeram surgir mais perguntas...
    Amando, Suh! E ansiosa! Amanhã tem mais? *-*
    Beijo.

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    1. kkkkkkkkk uhuhu Bruxa! *--*

      Tiveram muitas histórias semelhantes em Primavera.
      Por mais estranha que seja a criação da galera da geração do Jack, perto da que tiveram seus pais... ><'

      Gabrielle vai trocar mais algumas palavras com o filho no próximo capítulo.
      E que seja o que tiver que ser! 1papa

      Última temporada, Dindi, hora das respostas. Y_Y'
      Capítulo de amanhã já está pronto e só aguardando os ponteiros do relógio. \õ/

      Thanks, amooore! 6love

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  3. <õ/ Vai Suh... no apoio para muitas atuhs!
    kkkkkkk

    ;*

    PS: Amo essa música,a versão q eu tenho é diferente... gostei mais dessa ^^

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  4. kkkkk uhuhuhuh \õ/

    Thannnks, Carol! *3*

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