domingo, 17 de junho de 2012

12- Capítulo Doze


2011
A vida continuava tomando o seu rumo ao meu redor e por mais que eu sempre tivesse mantido os meus olhos focados em Sally, dessa vez tudo parecia sem controle. Eu simplesmente não conseguia mais me concentrar em nada que fosse além dela.
Talita quis que a banda resolvesse seus problemas pessoais para poder ter mais foco na música. Os ensaios já tinham sido retomados, mas eu não tinha comparecido a um sequer. eu amava tocar na banda, entretanto ela teria que esperar.
“Ah, bora, Jack... Por favor...” Sally me chamava para matar aula bem no meio do pátio da escola.
Ela tinha começado a me fazer esse pedido com regularidade por mais que eu negasse.
“Ly...”
“Hoje eu vou matar aula de qualquer jeito. Não estou com o menor animo pra ver a cara dos professores hoje. Vem comigo?”
“Tudo bem.”
Seu rosto se iluminou. “Sério?! Ah, que ótimo! Então bora!”
“Vamos pra onde?”
Ela analisou. “Hum, não tinha pensado nisso. Precisa de um lugar certo?”
“Dá pra gente ir à Primavera.”
“Não! Está doido?! Longe demais... Muito ruim se a gente só der uma volta na praça mesmo?”
Eu já tinha imaginado todo um passeio romântico pelos pontos turísticos de Primavera.
“Tem certeza? Seria legal...”
Ela fez uma carinha e meneou a cabeça. “Não precisa disso tudo não, Jack. Só uma voltinha por aqui mesmo já vai ser tudo de bom.”
Andamos um pouco até encontrarmos um lugar mais calmo na praça e nos ajeitamos no chão.
“Você matando aula... Quem diria!” Implicou.
Sorri. “O que não faço por você.”
Sally se apertou nos meus braços e pouco tempo depois quebrou o silêncio. “Te amo.” Seria pedir demais que nenhuma outra palavra fosse pronunciada após aquelas?
Eu tinha lhe dito essas palavras por diversas vezes durantes as semanas que se passavam, ela sempre me abraçava forte ou me dava um sorriso enorme como resposta. Eu realmente não me preocupava com isso. Não queria força-la, mas também não queria deixar de dizer por não ouvir o mesmo dela.
À bem da verdade, ela tinha cansado de me dizer essas mesmas palavras infinitas vezes, mas era em outro tempo, quando ela deitava no meu colo e me chamava de amigo.
Passei a mão em seus cabelos.
“Você não acha estranho?” Perguntou-me.
“O quê?”
“Ah... Sei lá... É sempre fomos muito próximos, mas como amigos e agora... nem sei o que somos.”
“Não acho estranho.”
Ela tirou a cabeça dos meus ombros para me encarar com incredulidade. “Não acha estranho?” Perguntou-me novamente.
Sorri. “Eu vivi tantas vezes momentos assim com você na minha mente. Pensei que nunca passaria disso.” Toquei sua mão. “É mágico, não estranho.”
Ela abriu um sorriso enorme. “Como você consegue ser assim?” Diante do meu silêncio ela completou. “Como eu pude ser tão cega?”
Tirei as costas do chão para ficar à sua frente. “Linda.”
Ela desviou o olhar para o chão, envergonhada.

It’s Only Love (The Beatles)
When you sigh, my mind inside just flies
Butterflies
Quando você suspira minha mente voa...
Borboletas...

Puxei seu queixo pra cima novamente. Encostei nossas testas. Acariciei seus cabelos, suas orelhas e sua nuca com minhas mãos; e seu rosto com o meu. Nossos lábios se tocavam de leve.
“Eu te amo muito...” Lhe disse ao pé do ouvido.
Ela estremeceu.
Fomos interrompidos. “Esses jovens de hoje em dia... Não tem a menor vergonha.” Uma velha resmungou alto ao passar por nós.
Sally se afastou um pouco de mim. “É melhor a gente sair daqui.”
“Ficou aborrecida com o comentário?”
“Ah, Jack... Legal não é, né.”
Ri.
“E também não tem graça.” Mas riu comigo.
“Não fica assim, minha linda.”
“Velhinha dos infernos.” Olhou ao redor pra ter certeza de que a senhora não estava mais por perto.
“Só você...” Levantei e lancei minha mão na sua direção para ajudá-la.
Ela não quis minha ajuda e assim que ficou de pé se lançou nos meus braços. “Te amo!”

It's only love
And that is all
É apenas amor
E isso é tudo

“Melhor a gente voltar agora.”
“Hum...” Fechou a cara. “Bora.”

But it's so hard
Loving you
Mas é tão difícil...
Amar você